O "Busquets" português

O futebol actual é um conjunto de antagonismos. Os processos das equipas actualmente prendem-se essencialmente em defender bem, ao mesmo tempo que se pede mais técnica e passe aos jogadores mais recuados. Num jogo entre equipas de nível díspar, a mais fraca tende a apresentar um bloco baixo, resguardando-se no seu meio-campo, ou melhor, como usualmente se diz em Portugal, pondo o autocarro à frente da sua baliza, e aproveitando as transições. Quanto à equipa teoricamente mais forte, prefere assentar o seu jogo na posse de bola, ou seja defender com bola, controlando assim a partida. O Barcelona de Guardiola e a selecção espanhola de 2008 a 2012 são o expoente máximo desse modelo.

A evolução do jogo fez com que as características dos jogadores se tivessem modificado. Principalmente desde o Mundial de 74, e com a evolução nas posições, desde se pedir que o guarda-redes jogue bem com os pés, ou que os centrais saibam sair a jogar, talvez o maior progresso foi na posição de médio-defensivo, sendo disso exemplo a maneira como Pirlo ganhou estatuto Mundial a jogar a pivot. O que antigamente era uma posição de destruição de jogo, passou a funcionar como organizador de jogo, elemento chave na fase de construção, e como tal, privilegiando-se capacidades como o passe, transporte e visão de jogo. Mencionar essas características é descrever o número 6 da selecção sub-19 portuguesa, Pedro Rodrigues. O jovem médio tem vindo a evidenciar muito potencial, o que o levou ainda em idade de júnior a chegar à equipa B do Benfica. À capacidade de recuperação de bolas, leitura de jogo e sentido posicional, junta uma técnica e qualidade no passe pouco vista nesta posição em Portugal. Um pouco, com as devidas distâncias, à semelhança de Busquets.

Dada a sua idade (apesar de ser a mesma de Rúben Neves ou Renato Sanches), e a actual concorrência na equipa principal do Benfica, não é crível que tenha espaço no plantel de Rui Vitória a curto prazo. Mas fica a convicção que é um dos elementos, juntamente com João Carvalho, que está na linha da frente para suceder a Renato, como próximo produto a vingar "made in Benfica". A única certeza é que a II Liga já é curta para a qualidade que apresenta. 

Visão do Leitor (perceba melhor como pode colaborar com o VM aqui!): António Pinto

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